Se você já conversou com um professor sobre os maiores desafios com relação à disciplina na sala de aula, ele certamente se lembrou daquele aluno que falava demais e interrompia a explicação de um conceito mais complicado. Contudo, talvez ele possa também contar sobre outros alunos que, pelo contrário, não interrompem a aula, mas estão sempre bastante quietos. E estes também são alunos bem desafiadores!
O trabalho do professor é formar o estudante de maneira integral, no âmbito emocional, cognitivo, emocional, relacional e biológico. No entanto, esse processo envolve alguns desafios, como manter os alunos engajados e certificar-se de que estão entendendo a aula. Contudo, para os alunos mais tímidos, conseguir se engajar nas aulas, participando ativamente, pode ser um esforço enorme.
A timidez é um traço de personalidade muito comum nas pessoas em todas as etapas da vida, inclusive na infância. O que seria essa timidez? Temos que entendê-la, a princípio, como excesso de temor de algo ou alguém. É importante também não confundirmos timidez com o fato de alguém ser introspectivo ou simplesmente não gostar de estar exposto a situações públicas e desconfortáveis.
Todos nós lidamos com a timidez em algum grau. Ou seja, já passamos por momentos em que nos sentimos desconfortáveis ao falar em público, ao apresentar um trabalho importante ou ao responder a uma pergunta inesperada.
Muitas vezes, porém, a timidez se apresenta de modo permanente, isto é, ela gera desconforto contínuo e pode afetar o desenvolvimento pessoal e as relações interpessoais. É importante sabermos que os alunos tímidos podem estar enfrentando problemas de isolamento social, ansiedade, autoestima baixa e até mesmo depressão.
Como educadores cristãos, devemos ter um olhar atento a esses alunos, ajudando-os a compreenderem que todos nós enfrentamos diferentes dificuldades. O educador deve mostrar a esses alunos como podem enfrentar o medo e não deixarem que a timidez os impeça, por exemplo, de iniciar uma conversa com um colega ou de participar de um debate em sala de aula. Para isso, precisamos olhar para esses alunos, ouvi-los e valorizá-los.
No dia a dia escolar, use algumas das estratégias a seguir para engajar os alunos mais tímidos em suas aulas:
- Chame-os pelo nome para que participem da aula, perguntando a opinião sobre algum assunto ou solicitando que ajudem em alguma tarefa.
- Faça com que os alunos mais extrovertidos ajudem os mais tímidos, organizando-os, em alguns momentos, em atividades em dupla.
- Converse com os alunos mais tímidos individualmente, estreitando seu relacionamento com eles. Vá até a mesa desses alunos e pergunte sobre as dúvidas deles em particular.
- Verifique se os alunos mais tímidos estão sentados na frente da sala. Isso facilitará o diálogo dele com os professores.
Ainda que essas estratégias possam ser bastante úteis, fique atento para não os forçar a agirem de um modo que ainda não conseguem. Não exija, por exemplo, que um aluno muito tímido faça a leitura de um texto em voz alta se ele não estiver pronto para isso.
Por fim, não rotule seus alunos, com comentários como “por que você é tímido? ou “não seja tímido!” Esses comentários podem ser já bastante comuns na vida deles e serem causa de desconforto. Em vez disso, busque exemplificar momentos em que pessoas, mesmo em situações complicadas, lidaram com a sua timidez e agiram de fora corajosa. Devemos nos lembrar que a Bíblia nos chama a sermos corajosos (Salmo 27.14). Além disso, temos inúmeros momentos importantes da Bíblia, como por exemplo o momento em que Josué busca adentrar a terra prometida a Israel (Josué 1.9), ou quando Moisés se dirige ao povo de Israel e a Josué. Nesses momentos, essas pessoas se sentiram intimidadas frente a uma situação desafiadora, mas Deus os chamou para serem corajosos.
Karen Stephanie Melo Henriques é Coordenadora de criação de material didático de Educação Infantil e Ensino Fundamental – Anos iniciais do SME
Daniel Kauffman é analista teológico filosófico do SME