Muito tem se discutido sobre a importância de trabalharmos as habilidades socioemocionais na escola. Mesmo antes da BNCC, diversos autores de referência da área da Educação já traziam reflexões sobre irmos além dos conteúdos com nossos alunos.
Mas, por onde começar? Um ponto de partida, certamente, pode ser a identificação das emoções básicas: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo. A partir delas, podemos ampliar o tema de acordo com a faixa etária, pensando numa gradação de habilidades:
- identificar das emoções básicas em si e no outro;
- representar as emoções por meio de expressões faciais, no espelho;
- reproduzir emoções vistas em histórias, músicas ou no cotidiano;
- relacionar as emoções com situações vividas (por exemplo: o que me deixa feliz? O que me desagrada? Em que situações me sinto com raiva?) e vice-versa (associar imagens de situações diversas com emoções);
- resolver situações-problema envolvendo emoções (por exemplo: o que devo fazer quando me sinto triste? E nervoso?);
- expressar graficamente, por meio de desenho ou escrita, as emoções sentidas;
- demonstrar consideração pelo que o outro está sentindo, dando início ao processo de empatia.
O professor deve mediar os relatos orais dos alunos, conduzindo para que a criança fale sobre suas emoções. Por exemplo, na roda da segunda-feira, ao contar o que fez no final de semana, resgatar também como a criança se sentiu naquele momento. Essa mediação precisa acontecer de forma a validar o sentimento da criança, mesmo que para o adulto pareça desproporcional ou inadequado.
Como a criança está em formação, caberá ao professor em parceria com a família auxiliá-la a racionalizar as situações ocorridas, apresentando possibilidades de ação diferentes para uma próxima circunstância semelhante. Os temas trazidos pelos materiais do Sistema Mackenzie de Ensino possibilitam essa discussão: da mesma forma que estabelecem relações com os valores e princípios cristãos, também proporcionam abertura para tratarmos sobre as emoções em sala de aula. Desta forma, não é necessário parar o trabalho com o livro, mas sim encaixar o trabalho com as emoções ao longo do processo, como um grande tema transversal.
Pensar em práticas que explorem as habilidades socioemocionais com crianças, dependerá muito de como o professor trabalha nele mesmo tais questões. Estar atento ao que sentimos e como conduzimos as situações permeadas pelas emoções, pode ser um bom caminho de autoconhecimento para o professor conseguir alcançar com sua turma os objetivos relacionados às competências socioemocionais.
Referência:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.
Sugestões de leitura:
BRENÉ BROWN, Cassandra. A coragem de ser imperfeito: como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. Rio de Janeiro: Sextante, 2016
FONTE, Paty. Competência socioemocional na escola. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2019.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de janeiro: Objetiva, 2012.