O Fórum Econômico Mundial, em seu relatório de 2023 sobre o futuro dos empregos, destacou as principais habilidades essenciais no mercado de trabalho, como o Pensamento Criativo, Pensamento Analítico, Alfabetização Tecnológica, Curiosidade e Aprendizado ao Longo da Vida, Resiliência, Flexibilidade e Agilidade. Essas competências também refletem as necessidades educacionais emergentes num mundo cada vez mais dinâmico e interconectado.
Para preparar a nova geração para superar desafios complexos e em constante evolução, é vital promover uma cultura de inovação no ambiente educacional. Essa abordagem, além de preparar os alunos para o futuro, também instiga a criatividade e colaboração, características indispensáveis em qualquer campo profissional. Por isso, aplicar essas técnicas em projetos dentro das salas de aula proporciona aos alunos uma experiência enriquecedora e estimulante.
Imagine um ambiente educacional no qual os alunos são incentivados não apenas a compreender os problemas que os cercam, mas também a se colocarem no lugar dos outros e a colaborarem para encontrar soluções inovadoras. Uma das técnicas mais reconhecidas nesse sentido é o design thinking. Trata-se de uma abordagem centrada no ser humano para resolver problemas complexos, que valoriza a empatia, a criatividade e a colaboração.
O modelo do design thinking é estruturado em cinco etapas fundamentais: Empatia, Definição, Ideação, Prototipagem e Teste. Cada uma dessas etapas desencadeia processos específicos que permitem aos alunos abordar problemas de forma holística, identificar necessidades reais e gerar soluções inovadoras.
A partir de uma pergunta norteadora ou de um problema proposto, os alunos podem seguir as seguintes etapas para estruturar uma possível solução.
Empatia. Esta é a etapa inicial e crucial do processo. Envolve entender profundamente as necessidades, motivações e desafios das pessoas para as quais estamos projetando soluções. Esse processo pode envolver entrevistas, pesquisas e a criação de um mapa de empatia, relacionando o que essa pessoa afetada sente, vê, fala, faz, quais são suas dores e necessidades.
Definição. Com base na empatia, passamos para a fase de definição do problema. Aqui, sintetizamos as informações coletadas na etapa de empatia para identificar claramente qual problema estamos tentando resolver. Com os alunos, isso pode envolver a criação de personas e a definição de desafios específicos que desejamos abordar.
Ideação. Nesta fase, é hora de gerar o máximo possível de ideias para resolver o problema identificado. Durante esse momento, é possível que os alunos encontrem alguma dificuldade e digam frases como “Não sei por onde começar, professor” “Não tenho criatividade para isso” e outras frases do tipo. No primeiro versículo da bíblia, podemos observar um grande atributo de Deus, sua criatividade – “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. E por sua infinita bondade, esse atributo é comunicável ao ser humano, criado à sua imagem e semelhança com capacidade criativa. Somos seres criativos e então não podemos apenas inferir o contrário. Não há julgamento de ideias nesta etapa – o objetivo é pensar criativamente e ampliar o espectro de possíveis soluções. Isso pode ser feito através de atividades como brainstorming, Método 635, Brainwriting ou desenhos.
Prototipagem. Uma vez que temos uma variedade de ideias, o grupo deve, em harmonia e concordância, selecionar algumas delas para prototipar. Um protótipo é uma versão simplificada e tangível da solução proposta, que nos permite testá-la e obter feedback rapidamente. Os protótipos podem ser maquetes, simulações ou até mesmo atividades práticas que os alunos realizam para experimentar uma ideia em ação.
Teste. Na última etapa, testamos nossos protótipos com o público-alvo (foco do primeiro momento de empatia). Observamos como eles interagem com a solução proposta, coletamos feedback e refinamos o protótipo com base nesses insights. Este processo iterativo nos permite ajustar e aprimorar continuamente nossa solução até alcançarmos um resultado satisfatório.
Ao aplicar o design thinking em sala de aula, os educadores podem estimular o desenvolvimento de habilidades essenciais, como pensamento crítico, colaboração, resolução de problemas e comunicação. Além disso, os alunos têm a oportunidade de experimentar a satisfação de criar soluções tangíveis para desafios do mundo real, preparando-os para enfrentar os complexos desafios do futuro com confiança e criatividade.
Fonte
DE OLIVEIRA, A. C. A. A contribuição do Design Thinking na educação. Revista e-TECH: Tecnologias para Competitividade Industrial – ISSN – 1983-1838, [S. l.], p. 105–121, 2014. DOI: 10.18624/e-tech.v0i0.454. Disponível em: https://etech.sc.senai.br/revista-cientifica/article/view/454. Acesso em: 02 maio. 2024.
FUTURE OF JOBS REPORT 2023: Insight Report, May 2023. Genebra: Fórum Econômico Mundial, 2023.